Friday, December 29, 2006

Check it out! It's Chilli Out!!!

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Ontem, depois de um dia sacal de trabalho, afinal e final de ano e nada anda como deveria, fomos ver o lugar que vamos passar o Ano Novo. Eu e Karina num site inspection de fim de dia. Era para ser um happy night rapidinho, so para colocar a conversa de 2 dias em dia, mas terminou quase 1 da manha...

Bom papo, boa companhia, boa bebida, pessoas bonitas e um lugar fantastico!
A dose perfeita para um final de quinta-feira.

Antes nao tivesse ido porque e tao lindo, mas tao lindo, que o impacto da surpresa perdeu a forca. Nao imaginava um lugar tao paradisiaco como esse. Mar ao fundo, mesas num tablado na areia, iluminacao, clima ... chilli out. Estilo de musica que deu nome ao lugar.
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Check it out!!!! It's Chilli Out!!!



Vista de dentro do bar para a parte externa.
Mesas detalhadamente montadas e decoracao bem zen na areia se misturando a coqueiros.
A direita, as gaiolas onde ja fizemos nossa reserva de horario para o Reveillon.



PS.: Marcinha, a nossa cara! Voce ia amar. Voce fez falta e vai fazer muita no Ano Novo. Saudades!!!!

Tuesday, December 26, 2006

Ressaca de Natal


Apesar de dormir pouco (sempre eu, a baladeira - primeira a chegar e ultima a sair...), acordamos todos bem e dispostos loucos por uma praia. Menos Ro, que hiberna e nunca acorda antes das 2 da tarde. Nunca vi tamanha disposicao para dormir!!!
Saimos de casa munidas de canga, bone e bronzeador, eu, Aline e Freddy (sem as cangas claro!) para um dia de sol e mar nas lindas aguas das praias da Ilha de Luanda... ahahahah piada... queriamos praia e todos os bares da ilha fechados. Plano B: tomar sol no quintal...
Para fazer aquele churrasquinho basico precisavamos de somente algumas coisinhas. Queriamos gelo... e nada! Nenhum lugar para comprar... nenhum lugar para comprar algo gelado ou tomar uma gasosa. F... nem combustivel para o carro tem na cidade... ha 2 dias.
Ainda bem que lembramos que carne congelada e um restinho de vodka do churrasco tinha sobrado, umas cocas e um pouco das fritas das pescarias de Freddy. Fechado. Churrasquinho
Como ja era tarde depois dessa maratona, acabamos contando com a ilustre companhia de Roro.



Nosso almoco do dia 25. Picanha, farofinha, pringles e amendoim, aqui chamado de ginguba.


Preparar, apontar, fogo!!! Caipirinha, santa invencao brasileira!



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Carta ao Pai Natal

Pai Natal,
Nos comportamos bem esse ano. Trabalhamos bastante, economizamos no uso do gerador e enfrentamos o calor aqui sem reclamar quando o ar condicionado nao funcionou. Atendemos todos os telefones de cliente na hora do almoco, fomos a reunioes de noite e enfrentamos tambem horas de engarrafamento para chegar a qualquer lugar. Ate nas filas dos postos de gasolina. Nos ajudamos uns aos outros o tempo todo, mesmo quando a vontade e de matar o outro... nao merecemos um presentinho de Natal?
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Eu, em nome dos amigos da Engenhonovo, solicito que deixe em nossa chamine (yes... nossa casa tem chamine! Descobrimos nesse churrasco de tanto olhar para as moscas voando! Nao tem desculpas) uma piscina Reggan. Essa e a prenda de Natal que queremos. Nao podemos viver de baldes, escadas e boa vontade dos amigos para enfrentar esse calor de Angola!

O que o senhor sente vendo essa cena?
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Pai Natal, apesar de nao temos CEP aqui em casa, nosso bairro esta no Google e pode ser encontrado facilmente se o senhor perguntar para um de nossos amigos Luandinos onde fica a academia Fitness. E bem pertinho e da ate para parar seu treno com as renas na porta. De vez em quando reclamamos de nossos vizinhos que ocupam a frente de nosso portao mas nesse caso juro que nao reclamamos.
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PS. Pode chegar atrasado. Nao vamos reclamar. O verao aqui dura 6 meses.
Obrigada e boas festas a voce e mamae Natal.
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Ahh uma dica. Aqui em Luanda os angolanos dao mais valor aos sapatos do que qualquer outra coisa. Entao, se o senhor entrar em casa pela porta da frente, nosso porteiro deixa uma esponja com graca debaixo do vaso no jardim. Com essa poeira toda pode ser que o senhor precise lustrar suas botas!



Meu primeiro Natal em Luanda


O Natal da Grande Familia


"Entao e Natal... pegue no meu deedo..."
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Dias escutando Freddy (nosso querido Beicola) cantar essa musica, esperando ansiosamente passar o Natal para ele poder ir embora na terca de manha. Bem... terca e hoje e ele ja se foi.. Com certeza esta feliz!
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Aqui temos que brincar com tudo e com todos para nos sentirmos mais em casa e podermos enfrentar essa epoca de festas com menos tristeza. Ainda bem que todo mundo cumpre a risca esse item do contrato! Nosso Natal foi fantastico.
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Nos unimos aos amigos brasileiros para celebrar a noite de Natal e beber para esquecer - como diz Manu. Teve de tudo um pouco e do melhor um muito. Ate Nao tivemos do que reclamar...
Que o Ano Novo venha nesse mesmo ritmo!




Tinha muita bebida? Tinha sim senhor! Ate uma inusitada caninha 61!! Sim e possivel!
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Bacalhau com molho de natas, Pao recheado, Fiambre de peru, carne com molho, arroz, farofa, queijos, batatas e mais um monte de comidas na geladeira que nao couberam na mesa. Fora a sobremesa que o povo atacou.
Voce viu? Eu tambem nao!
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E assim foi o Natal de mais de 30 pessoas.
Todos brasileiros, juntos, segurando a onda das quadras festivas,
como dizem aqui em Luanda.




Cenas inesqueciveis?
A tarrachinha, Black Label na concha de feijao, sinuca challenge.
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ATENCAO
"Devido ao conteudo nao recomendado para uma festa crista, o Comite Etico sugeriu a nao publicacao temporaria da maior parte das imagens registradas no local".

Saturday, December 23, 2006

Terapia em grupo

Como nossa semana aqui normalmente e bem puxada, definimos que a quarta-feira sera o dia de nossa terapia em grupo. Ao final do dia, la para as 8 da noite, saímos para jogar sinuca num boteco na Ilha.
O lugar e bem simples, mas e uma delicia ficar la.
Comida boa, claro que não muito em conta. Musica eclética. Se tem uma mesa de árabes, a musica árabe toca por uma hora. Se há outra de chineses, idem. O dono habilmente conseguiu agradar gregos e troianos e assim manter a sua clientela.
Diversão garantida.
Essa semana fomos e convidei Karina, uma produtora que acabou de chegar aqui na cidade. Veio também da Bahia e esta ainda na fase de festa, na fase boa. Como eu, tem a minha idade, não namora, não tem filhos e e divertidíssima. So tenho uma coisa a dizer... danou-se! Agora que tenho uma companheira nas mesmas condições que eu Luanda vai ser pequena para nos!


Os meninos concentradissimos no jogo e a gente barbarizando! A mesa mais animada do lugar!





Alias, na nossa primeira meia hora de conversa no carro as duas reclamando do mesmo assunto: DJ Tiesto na Bahia. Tudo de bom e a gente aqui curtindo Yuri da Cunha e Paulo Flores! Nobody deserves.... mas claro, dia 20 de janeiro estaremos na nossa rave particular no quintal de casa, ouvindo meus cds dele, bebendo e planejando nossa ida para o tour dele em Barcelona!
Acho que no fundo nao vamos sair perdendo! rs

Monday, December 18, 2006

Final de semana… esse foi uma raridade!

Pois e, aqui também tem churrasco, mpb e reunião de amigos aos finais de semana.
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E dessa vez foi no nosso cantinho...
Aproveitamos o final do ano e decidimos fazer uma festa no sábado. Alias, duas em uma. Comemoramos a abertura oficial da agencia, um Open Office e também uma festa de final de ano. Kwanzas daqui, kwanzas dali, mais uns trocadinhos em dólar e compramos as cervejas, as carnes (argentinas, claro), vodka e petisquinho... Entrava gente, saia gente e a festa atravessou a noite so acabando as 4 da manha. Eeee laia. Tudo o que o brasileiro gosta. Musica e boca livre.
Aqui e assim. Musica alta nunca atrapalha e ninguém reclama. O maximo que pode acontecer e o vizinho, se não convidado, colocar a carninha dele para assar no terraço ao lado, aproveitando o seu som.
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No domingo nada mais restava alem da sujeira para limpar, mas como aqui temos a faxineira, como a África é quente e onde há calor há sol e onde há sol, há Patricia se coçando para ir para a praia, lá fomos nos conhecer o Mussulo.
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A gente pega um barquinho, paga Kz 1000,00 para ir e voltar do continente (mais ou menos USD12,00) e chega num dos lugares mais lindos que eu ja conheci aqui.
Achei caro no comeco mas como para todas as outras coisas aqui nao existe Mastercard, ou seja, o prazer do consumismo, entao paguei essa facada assim mesmo, pelos bons momentos que eu iria ter nesse lugar.
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O Mussulo e uma baia formada por varias praias lindíssimas, onde a alta sociedade angolana se reúne nos finais de semana para passear de lancha, jet-ski e passar o tempo em areias brancas cheias de conchas, águas calmas, quentes e povoadas de peixes. Ficamos em Zanga. Uma dessas praias.
Vista da chegada na Baia de Mussulo.
Ceu e mar se fundem numa paisagem estonteante.

Como alguém não havia me apresentado isso antes?
O local mais movimentado e um bar chamado Barsulo, que fomos visitar mas não ficamos lá por estar cheio. Parece, sem exagero, a Polinésia Francesa. Bangalôs com colchões, camas de massagem, atendimento VIP e preço altíssimo – diga-se de passagem. Uma caipirinha chega a custar Kz 1200,00, aproximadamente USD 15,00, exatamente R$ 32,70.
Acho que ainda vale pela paisagem nao?

So quem sabe onde e Luanda saberá me dar valor...



As palavras de Gilberto Gil não poderiam ser mais exatas. Mais perfeitas.
Estou chegando a conclusão que morar em Luanda e somente para grandes aventureiros. Aventureiros que eu digo, não são aqueles que buscam emoções em uma viagem pela Europa, andando no trem da morte em MachuPichu ou aprendendo mais sobre o busdismo na Ásia, mas aqueles que conseguem romper as barreiras culturais e aprender olhando para si, para suas fraquezas. Aqueles que conseguem enfrentar seus fantasmas em um pais totalmente diferente, numa cultura que engana, que surpreende e também machuca.

Essa semana senti o preconceito na pele. Pela primeira vez em toda a minha vida.
Senti o peso que pouca quantidade de melanina tem numa sociedade negra, fechada, que ainda vive o fantasma do pós-guerra e se vê invadida por estrangeiros que buscam oportunidade de ganhar dinheiro em suas terras.
Ser branco em Luanda e aprender a ser discriminado.

Sábado resolvi sair para passear em um lugar aqui bem diferente, bem “local”.
Fui com dois amigos fazer umas compras no bairro de São Paulo. Eu, Rodrigo, o brasileiro que trabalha comigo e Bento, angolano, que foi o nosso salvador do dia.

São Paulo e um lugar onde não há brancos, não há charme, não há frescuras.
Podemos comparar esse lugar como uma das periferias da minha São Paulo.
Lá e o lugar onde as zungunzeiras se abastecem. Zungunzeiras, aquelas senhoras que vendem coisas na bacia que vai em suas cabeças pelas ruas enquanto amamentam seus filhos durante o caminhar sempre agarrados ao corpo. Essas e que são mulheres de verdade.

Paramos o carro e começamos a caminhar pela grande avenida principal do bairro. Por todos os lados lojas brasileiras, barraquinhas, esgoto a céu aberto, gente transitando enlouquecidamente entre os carros no frenético transito da cidade. Quase uma 25 de marco.

Logo nas primeiras quadras um policial nos para e pede os documentos. Estamos sem. Nossos passaportes estavam na DEFA para renovação do visto e somente a copia não era suficiente. Senti minhas mãos gelarem, tremi e me vi numa cela suja, cheia de gatunas, esperando para ser deportada. Enquanto o interrogatório acontecia, uma quantidade de policiais iam se juntando e na seqüência alguns curiosos, olhando para nos e nos rodeando como se tivéssemos roubado ou cometido algum crime.

Por um minuto vi uma cena que vivenciei alguns anos atrás na Oscar Freire, onde policiais paravam um grupo de moleques negros, os atirando nas paredes da La Perla. Eles só estavam caminhando. E da mesma forma olhamos de um jeito acusador, como se estivessem fazendo alguma coisa que interferisse no seu direito de ir e vir.

No final tudo se acertou e viemos embora tranqüilos porque havia um angolano se responsabilizando por nos, mas confesso que essa situação me deixou a pensar e avaliar as injustiças que eu possa ter cometido algumas vezes em minha vida. E lidar com isso não e nada agradável.

Penso se eu realmente preciso viver em um pais como Angola para ser uma pessoa melhor, tão diferente do meu Brasil. E cada vez mais vejo que sim.

As vezes avalio toda a situação e me sinto mal por estar perdendo poder viver mais tempo ao lado de minha família e amigos. Sinto saudades, às vezes choro. Me arrependo e lamento a distancia. Quero estar passando meus dias perto daqueles que amo. Me sinto triste, presa, sem a liberdade que eu tanto valorizo. Por outro lado vejo que se Deus podia me dar uma oportunidade realmente intensa para que eu aprendesse a lidar com meus erros e minhas fraquezas melhorando cada dia mais, ele o fez. Soube onde me colocar no momento que eu mais precisava crescer.

Por isso agradeço e queria que todas as pessoas pudessem ter essa chance de aprender a respeitar e lidar com as diferenças.
Hoje, depois de tão pouco tempo, eu sei o valor da privação, como dói olhar nosso próprio umbigo. Sei que aprender com a vivencia não e nada fácil e a gente aprende a ser mais humilde, mais simples. Hoje, se alguém me apontar um dedo na cara sem ter vivido o que eu estou vivendo aqui, não vai ter meu respeito.

Só quem sabe realmente onde e Luanda, saberá me dar valor.

Só quem é vítima de racismo sabe o quanto é ruim.

Friday, December 08, 2006

Um hobbie para passar o tempo


Aqui em Luanda, ao mesmo tempo que você tem muita coisa para fazer também não tem nada. Os lugares para visitarmos não são propriamente turísticos. A cidade não e turística. Carro nem sempre temos disponível em casa, kandonga nem pensar e táxi não existe. Tudo fica meio difícil. E como estamos aqui, como a grande e esmagadora maioria de estrangeiros para trabalhar, acabamos tendo que buscar alternativas de lazer para os finais de semana.

Agora resolvi me dedicar com fervor ao meu novo hobbie. A pintura a óleo em tela. Minha casa tem espaço, tem quintal, tem jardim e euzinha procurando o que fazer. Nada mais propicio.

Como decidi? Por incrível que pareça, estive na hora certa, no lugar certo, falando com a pessoa certa. Conheci a dona de uma galeria de arte que por sorte foi com a minha cara e o que aconteceu foi que ela me encomendou algumas telas sem ter nunca visto meu trabalho.

Estou finalizando meu primeiro nu artístico. Ainda estou cru. Tenho que treinar mais um pouco mas acho que depois do terceiro quadro melhora....


Olhem minha evolucao...











Friday, November 17, 2006

Kizomba, Mwangole e tudo mais

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Pareco mais gorda do que estou! Se acalmem!

Essa semana tive que fazer uma pesquisa aprofundada sobre as línguas angolanas, alguns ritmos e datas comemorativas locais para poder elaborar um briefing de um trabalho do meu cliente favorito, Belas Shopping, para o Brasil. Acho que vale a pena passar um pouquinho dessas informações para vocês conhecerem. Ainda mais por ser sobre idiomas e musica, coisas que eu gosto muito de conhecer e saber cada vez mais.

Aqui temos alguns ritmos e danças que são locais e tocados em todos os lugares que vamos (com exceção daqueles bares fantásticos para estrangeiros que vamos aos finais de semana). A Kizomba, que em sua tradução quer dizer “festa”, nasceu em Angola nos anos 80 em Luanda, após as grandes influências musicais dos Zouks, e com a introdução das caixas rítmicas drum-machine, depois com os grandes concursos que invadiram Angola. Transformou-se e desdobrou-se em variações chamadas Cavalinho e Kizomba corrida e acrobática, dançada por dois rapazes.

As grandes farras nos anos 50/70 eram chamadas Kizombadas, porque nesta altura não existia kizomba como expressão bailada e nem musical. O Semba e outro ritmo bem gostoso. Significa umbigada na língua dos escravos de Luanda. É uma dança de salão angolana urbana. Dançada a pares, com passadas distintas dos cavalheiros, seguidas pelas damas em passos totalmente largos onde o malabarismo dos cavalheiros conta com muita improvisação. Legal de ver e ouvir, mas não e o meu preferido para dançar. Ai, quem me conhece e conhece a Tarrachinha, prima-irma do Arroxa, apostaria e ganharia no meu ritmo preferido. Bom de ver, bom de ouvir mas muito ousado demais para dançar. E uma dança erótica. Praticamente um ato sexual na vertical. Não e preciso descrever, basta imaginar. E a dirt-dancing de Angola. Se algum dia eu ousar dançar isso, vou fazer questão de filmar porque esse dia nunca se repetira!

Thursday, November 16, 2006

Tok Stock.... so em sonho!

Preciso contar essa experiência inesquecível para vocês. Semana passada fui com Joaquim, meu grande companheiro nas horas intermináveis de transito, comprar uma mesa e uma cadeira para mim. Minha estação de trabalho, já que a Aline chegou e ocupou a mesa dela. Pensei: ótimo. Vamos comprar esses moveis para a agencia e aproveito para ver se ainda encontro alguma coisa para meu quarto. Uma cadeira bonita ou um cabideiro. Preciso de apoio para armazenar a minha bagunça.
Bem, fomos nos comprar a mesa. Quando chegamos na loja, ele parou o carro no meio da rua. Fiz menção de descer e ele me parou. Pediu para não sair do carro. Quando vi, a loja, do outro lado da rua, concentrava uma grande massa de vendedores que atravessaram a avenida em um minuto e se aglomeraram em volta do carro. Era uma invasão que eu não esperava. Todos eles tinham um book debaixo do braço e falavam ao mesmo tempo, cada vez mais alto, para serem ouvidos. Entendi então como era o esquema. Joaquim permitiu que um deles, que ele já conhecia, entrasse no carro. Ali mesmo, com aquele livro, fiz a compra e negociei o preço. Minutos depois estávamos em casa com o vendedor e a fita métrica tirando medidas e vendo os modelos das mesas que já haviam sido compradas antes pela Aline. E eu esperando que eu fosse passear e ver os moveis da moda numa Tok Stock angolana. Isso não me pertence mais!
Detalhe: no dia seguinte quando ele foi montar a mesa que compramos, vimos que apesar de ter tirado as medidas e visto as compradas anteriormente, o modelo não era o mesmo. Fui reclamar e dizer que ele havia trazido o modelo errado. A resposta dele? “ – Ahhh aquele modelo? ...Tem mas ....”
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Nosso working space e minha casa

Wednesday, November 15, 2006

Nosso ultimo final de semana!

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Sabado dia 11 de novembro, dia da Independencia de Angola. Murmurinhos sobre golpes de estado e rebelioes. Na duvida, melhor os 3 pulas (brancos) ficarem em casa. Varias horas seguidas de filme, lambisqueiras e gracinhas. Cansamos sim, de nao fazer nada o dia todo!

Tem mas não há.

Imaginem a seguinte cena: um calor arrasador, as ruas empoeiradas pela falta de asfalto e um calor daqueles de verão, o mais quente que vocês já passaram em suas vidas. Sem vento. O cabelo que acabou de sair do banho todo embaraçado.
Pensem agora numa coca-cola. Geladinha. Cai perfeitamente não? Parece ate um roteiro de propaganda (aprendi a fazer isso aqui. Excelente, mais um task para meu curriculum).
Pois e. Isso realmente aconteceu. Saindo de um dia repleto de ensaios fotográficos paramos num boteco para tomar um refrigerante. Perguntamos educadamente para o moco que guarda os carros se havia vaga naquele local. Ele respondeu-nos: “Tem, mas não há. Podem parar em qualquer lugar. A rua parecia um quebra-cabeça cheio de carros encaixados. Paramos ali mesmo, afinal fomos apenas comprar uma coca-cola. Chegamos no caixa do bar e pedimos o que queríamos. Eu quis pagar em dólar, normal aqui em qualquer lugar. Na hora de me dar o troco pedi que fosse em dólar também e a resposta que recebi: Tem mas não há. Pode ser em kwanza? Claro que sim. Apesar do cambio ser mais alto, valia a pena já estava lá e a vontade de uma bebida “fresca” (gelada) era mais forte. Próximo passo, balcão. Pedi a coca-cola e não tive outra reação a não ser rir da situação. Foram quase 10 minutos ate alguém nos atender. Quando passou uma das 3 mocas que arrumavam as xícaras de café na cafeteira (sim, tinham 3 para fazer isso) perguntei se não tinha alguém que pudesse nos atender. Ela, muito cavalarmente respondeu: Sim senhora, tem mas não há. Somos apenas 3 para arrumar todas as chávenas (xícaras). Depois de muita insistência consegui a coca e o que veio? Uma American Cola. Uma espécie de SchinCola piorada. Fiquei puta mas esperava receber essa mesma resposta-padrão se perguntasse cadê a coca-cola. E não deu outra: tem mas não há. Esse deveria ser o lema da Republica de Angola. Internet aqui, tem mas não há o dia todo, luz de vez em quando não há. Água e serviço de telemovel tem, mas alguns dias.... já sabem.
Na volta desta aventura, conversando com o nosso motorista Joaquim ele estava me explicando mais ou menos como as coisas funcionam aqui quanto a produtos comercializáveis. A maioria das coisas não perecíveis vem de navio para Luanda. Muitas delas demoram meses, então, quando os contentores chegam (ou containers) o produto e distribuído entre os supermercados e rapidamente vão embora. Isso quando os chineses não entram na fila dos navios para comprar, sabe-se Deus como conseguem, todo o carregamento para a sua colônia. Chegamos ao ponto de saber que houve corrida final de semana passado atrás de farinha de mandioca e guaranás brasileiros no Mundo Verde (supermercado que mais tem produtos brasileiros aqui) quando o carregamento chegou. Isso sem falar que os chocolates que chegaram no porto nem chegaram a sair de lá para os supermercados. Parece ridículo, mas compramos copos com os vendedores da Samba (avenida que tem um comercio ilegal no meio dos carros incrível) e ainda não temos uma lixeira de banheiro em casa. Não tem onde comprar essas coisas. Alias, tem mas não há.Acaba sendo uma diversão agora, mas acho que com o tempo ou a gente acostuma a essas coisas ou pira. Aprende a gostar da American Cola, da farinha com pedras (exagero também. Só porque não são tão fininhas) e do pão de sovaco (que são vendidos pelas angolanas que andam pela cidade toda debaixo de um sol de 40 graus,com uma bacia deles na cabeça). O bom e que sempre vamos achar que são frescos porque estão sempre quentinhos. Já disse para Joaquim: compre pão, mas não me diga de onde vem. Se não tiver jeito não compre e justifique: tem mas não há.

Saturday, November 11, 2006

21 dias de descobertas

Pois e... faz quase 3 semanas que eu estou aqui e esse foi meu menor indice de postagens desde que eu fui para a Bahia. Estou me sentindo pessima por isso. Mas sei que voces, amigos e familia, vao me entender. Desculpem, mas realmente as coisas aqui nao muito corridas devido a quantidade de trabalhos que temos. Ficamos praticamente o dia todo e grande parte da noite no computador. Quando conseguimos dar uma parada desistimos de atualizar blogs, fotos, orkuts e falar no msn. Todas as pessoas que vem para Angola vem com tres coisas na cabeca. Trabalhar, ganhar dinheiro e ir embora. Infelizmente e assim e e isso que eu escuto quando converso com brasileiros aqui. Claro, conhecendo a cidade, ninguem viria para ca fazer turismo. Eu nao vi nada de turistico aqui, a nao ser o Forte Sao Miguel, que não tem nada de folhetinhos, nada de guias, de souveniers. No feriado, voltando de Luanda Sul, passamos la para dar uma olhada no por do sol do alto da cidade. Realmente fantástico, mas sem nenhuma estrutura para receber visitantes.
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Mas nada, absolutamente nada aqui e preparado para o turismo, para receber turistas. Normal. A cidade ainda vive uma desordem pos-guerra e as pessoas ainda tem agem com certa rispidez em algumas situações que são consideradas normais para a gente – como querer negociar coisas na rua.

Essa semana fui na minha primeira balada. Quinta-feira. Bay-in. Assim como o Cais de Quatro e outros lugares que são bem mais freqüentados pelos expatriados, brasileiros e portugueses, do que pelos angolamos. Fica na Ilha de Luanda, numa área de grande concentração de bares dançantes da cidade.
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Tuesday, October 31, 2006

Registros fotograficos

Pessoal, por incrivel que pareca ainda nao consegui conhecer a cidade direito. Todas as fotos que eu tenho ate agora, com excessao daquelas tiradas em barzinhos e restaurantes, foram feitas de dentro do carro. Acredito que sempre sera assim... os angolanos tem a crenca de que se eles forem fotografados, as suas almas sao tiradas do corpo. Ou seja, a teimosia deles e a cara feia vem dai...

Estou publicando hoje algumas fotos mais, com a explicacao (das que tem) logo abaixo.

Logo incluo um post com o final de semana - que foi bem agitado, cheio de programacoes... rrrss.
Beijos



1) Ruas de Luanda. Agente de vendas Movicel (VIVO aqui na cidade)- nosso cliente e Unitel (Claro), lado a lado.
2) Centro da cidade, Luanda
3) Meu cabelereiro. Brincadeirinha!!!!



1) Rio quase seco onde o pessoal briga por um espaco para lavar roupas, nas margens da Samba
2) Centro da cidade, Luanda
3) Alto do morro na Samba- via expressa que pegamos para atravessar para Luanda Sul, onde moram os Odebrechtianos.

Wednesday, October 25, 2006

Minhas primeiras impressoes de Luanda

Bem, hoje completo 3 dias de Luanda mas parece que ja estou aqui ha meses. Incrivel como estou me sentindo em casa. Tanto pela nossa casa, como pelo pessoal aqui da agencia que me deixou super a vontade como pela cidade, que nao me assustou tanto assim como muitas pessoas me alertaram. Estou dormindo bem, obrigada. Nao estou sentindo o calor infernal que eu esperava, pelo contrario. Todos os lugares aqui tem ar condicionado forte pra cacete. Trabalho? Desde que cheguei nao tenho feito outra coisa. Reunioes todos os dias, o dia todo.
Bom, para matar a curiosidade e nao me dexar perder as lembrancas da primeira impressao, vou descrever um pouquinho as coisas daqui.
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Como contei, nao me assustei tanto com a cidade. Ela, como qualquer outra, tem suas partes feias, pobres e sujas. Mas a parte bonita e bem restrita. Bem restrita mesmo!
Moramos no centro, num bairro chamado Cruzeiro, proximo as embaixadas e as casas dos embaixadores. E um bairro legal, tem bastante coisa perto - inclusive a melhor academia de ginastica das redondezas.
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A pobreza e a falta de saneamento basico sao evidentes. Nas ruas as mulheres levam tudo o que se pode imaginar na cabeca. Frutas, roupas, chinelos, cacarecos de todos os tipos. Bem que tentei, mas eles odeiam fotografias e quase tomamos uma pedrada no carro quando me viram com a maquina na mao (ainda bem que meu chefe nao viu essa cena... hahaha).
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Alias, dirigir aqui e uma aventura. Junto com o visto, o passaporte e o cartao de vacina, deveriam mandar a gente fazer um curso de direcao defensiva e ofensiva, e um curso de Indiana Jones tambem.
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Para chegar a Luanda Sul, o outro lado da cidade onde a Odebrecht mantem grande parte de seus funcionarios, demoramos praticamente 1 hora e meia. Nao e tao longe assim, mas o transito e uma coisa caotica, infernal. Sao Paulo deixou de ser a referencia em congestionamento depois das minhas experiencias nas avenidas Samba e Rocha Pinto - as principais daqui. Muitas das ruas ainda nao tem asfalto, estao em construcao ou sao de terra vermelha. O que detona nossos sapatos (ainda bem que nao trouxe os meus saltos altos da Corello).
Por incrivel que pareca a cidade tem algumas poucas opcoes de lazer. Ontem fomos jantar num restaurante chamado O Padrinho, hoje fomos num barzinho na beira da praia (que me pareceu linda) chamado Cafe del mar. Ainda tem tres danceterias que disseram ser massa aqui. Uma delas chama Chilli Out, outra Bingo (que e um bingo mesmo que vira pista) e a Palus. Amanha iremos em uma delas... levar o chefe para dancar...
(Beber? Isso nao me pertence mais...)
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Aqui estamos divididos da seguinte maneira: uma casa onde funciona a agencia e moramos eu e Freddy. Outra casa onde moram Aline e Rodrigo - o Rorro, que pelo jeito vai ser meu companheiro de baladas, filmes e risadas... e uma excelente companhia.
A casa-agencia e deliciosa. Como eu gosto, tem jardim, um quarto meu, uma sala escritorio e, acreditem, agua quente... quem sabe dos meus problemas com agua fria x Salvador entende meu alivio!
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ENGENHONOVO ANGOLA
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Rorro, eu, Fernando, Maneto,
Joaquim, Freddy, Laura e Bento