Friday, November 17, 2006

Kizomba, Mwangole e tudo mais

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Pareco mais gorda do que estou! Se acalmem!

Essa semana tive que fazer uma pesquisa aprofundada sobre as línguas angolanas, alguns ritmos e datas comemorativas locais para poder elaborar um briefing de um trabalho do meu cliente favorito, Belas Shopping, para o Brasil. Acho que vale a pena passar um pouquinho dessas informações para vocês conhecerem. Ainda mais por ser sobre idiomas e musica, coisas que eu gosto muito de conhecer e saber cada vez mais.

Aqui temos alguns ritmos e danças que são locais e tocados em todos os lugares que vamos (com exceção daqueles bares fantásticos para estrangeiros que vamos aos finais de semana). A Kizomba, que em sua tradução quer dizer “festa”, nasceu em Angola nos anos 80 em Luanda, após as grandes influências musicais dos Zouks, e com a introdução das caixas rítmicas drum-machine, depois com os grandes concursos que invadiram Angola. Transformou-se e desdobrou-se em variações chamadas Cavalinho e Kizomba corrida e acrobática, dançada por dois rapazes.

As grandes farras nos anos 50/70 eram chamadas Kizombadas, porque nesta altura não existia kizomba como expressão bailada e nem musical. O Semba e outro ritmo bem gostoso. Significa umbigada na língua dos escravos de Luanda. É uma dança de salão angolana urbana. Dançada a pares, com passadas distintas dos cavalheiros, seguidas pelas damas em passos totalmente largos onde o malabarismo dos cavalheiros conta com muita improvisação. Legal de ver e ouvir, mas não e o meu preferido para dançar. Ai, quem me conhece e conhece a Tarrachinha, prima-irma do Arroxa, apostaria e ganharia no meu ritmo preferido. Bom de ver, bom de ouvir mas muito ousado demais para dançar. E uma dança erótica. Praticamente um ato sexual na vertical. Não e preciso descrever, basta imaginar. E a dirt-dancing de Angola. Se algum dia eu ousar dançar isso, vou fazer questão de filmar porque esse dia nunca se repetira!

Thursday, November 16, 2006

Tok Stock.... so em sonho!

Preciso contar essa experiência inesquecível para vocês. Semana passada fui com Joaquim, meu grande companheiro nas horas intermináveis de transito, comprar uma mesa e uma cadeira para mim. Minha estação de trabalho, já que a Aline chegou e ocupou a mesa dela. Pensei: ótimo. Vamos comprar esses moveis para a agencia e aproveito para ver se ainda encontro alguma coisa para meu quarto. Uma cadeira bonita ou um cabideiro. Preciso de apoio para armazenar a minha bagunça.
Bem, fomos nos comprar a mesa. Quando chegamos na loja, ele parou o carro no meio da rua. Fiz menção de descer e ele me parou. Pediu para não sair do carro. Quando vi, a loja, do outro lado da rua, concentrava uma grande massa de vendedores que atravessaram a avenida em um minuto e se aglomeraram em volta do carro. Era uma invasão que eu não esperava. Todos eles tinham um book debaixo do braço e falavam ao mesmo tempo, cada vez mais alto, para serem ouvidos. Entendi então como era o esquema. Joaquim permitiu que um deles, que ele já conhecia, entrasse no carro. Ali mesmo, com aquele livro, fiz a compra e negociei o preço. Minutos depois estávamos em casa com o vendedor e a fita métrica tirando medidas e vendo os modelos das mesas que já haviam sido compradas antes pela Aline. E eu esperando que eu fosse passear e ver os moveis da moda numa Tok Stock angolana. Isso não me pertence mais!
Detalhe: no dia seguinte quando ele foi montar a mesa que compramos, vimos que apesar de ter tirado as medidas e visto as compradas anteriormente, o modelo não era o mesmo. Fui reclamar e dizer que ele havia trazido o modelo errado. A resposta dele? “ – Ahhh aquele modelo? ...Tem mas ....”
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Nosso working space e minha casa

Wednesday, November 15, 2006

Nosso ultimo final de semana!

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Sabado dia 11 de novembro, dia da Independencia de Angola. Murmurinhos sobre golpes de estado e rebelioes. Na duvida, melhor os 3 pulas (brancos) ficarem em casa. Varias horas seguidas de filme, lambisqueiras e gracinhas. Cansamos sim, de nao fazer nada o dia todo!

Tem mas não há.

Imaginem a seguinte cena: um calor arrasador, as ruas empoeiradas pela falta de asfalto e um calor daqueles de verão, o mais quente que vocês já passaram em suas vidas. Sem vento. O cabelo que acabou de sair do banho todo embaraçado.
Pensem agora numa coca-cola. Geladinha. Cai perfeitamente não? Parece ate um roteiro de propaganda (aprendi a fazer isso aqui. Excelente, mais um task para meu curriculum).
Pois e. Isso realmente aconteceu. Saindo de um dia repleto de ensaios fotográficos paramos num boteco para tomar um refrigerante. Perguntamos educadamente para o moco que guarda os carros se havia vaga naquele local. Ele respondeu-nos: “Tem, mas não há. Podem parar em qualquer lugar. A rua parecia um quebra-cabeça cheio de carros encaixados. Paramos ali mesmo, afinal fomos apenas comprar uma coca-cola. Chegamos no caixa do bar e pedimos o que queríamos. Eu quis pagar em dólar, normal aqui em qualquer lugar. Na hora de me dar o troco pedi que fosse em dólar também e a resposta que recebi: Tem mas não há. Pode ser em kwanza? Claro que sim. Apesar do cambio ser mais alto, valia a pena já estava lá e a vontade de uma bebida “fresca” (gelada) era mais forte. Próximo passo, balcão. Pedi a coca-cola e não tive outra reação a não ser rir da situação. Foram quase 10 minutos ate alguém nos atender. Quando passou uma das 3 mocas que arrumavam as xícaras de café na cafeteira (sim, tinham 3 para fazer isso) perguntei se não tinha alguém que pudesse nos atender. Ela, muito cavalarmente respondeu: Sim senhora, tem mas não há. Somos apenas 3 para arrumar todas as chávenas (xícaras). Depois de muita insistência consegui a coca e o que veio? Uma American Cola. Uma espécie de SchinCola piorada. Fiquei puta mas esperava receber essa mesma resposta-padrão se perguntasse cadê a coca-cola. E não deu outra: tem mas não há. Esse deveria ser o lema da Republica de Angola. Internet aqui, tem mas não há o dia todo, luz de vez em quando não há. Água e serviço de telemovel tem, mas alguns dias.... já sabem.
Na volta desta aventura, conversando com o nosso motorista Joaquim ele estava me explicando mais ou menos como as coisas funcionam aqui quanto a produtos comercializáveis. A maioria das coisas não perecíveis vem de navio para Luanda. Muitas delas demoram meses, então, quando os contentores chegam (ou containers) o produto e distribuído entre os supermercados e rapidamente vão embora. Isso quando os chineses não entram na fila dos navios para comprar, sabe-se Deus como conseguem, todo o carregamento para a sua colônia. Chegamos ao ponto de saber que houve corrida final de semana passado atrás de farinha de mandioca e guaranás brasileiros no Mundo Verde (supermercado que mais tem produtos brasileiros aqui) quando o carregamento chegou. Isso sem falar que os chocolates que chegaram no porto nem chegaram a sair de lá para os supermercados. Parece ridículo, mas compramos copos com os vendedores da Samba (avenida que tem um comercio ilegal no meio dos carros incrível) e ainda não temos uma lixeira de banheiro em casa. Não tem onde comprar essas coisas. Alias, tem mas não há.Acaba sendo uma diversão agora, mas acho que com o tempo ou a gente acostuma a essas coisas ou pira. Aprende a gostar da American Cola, da farinha com pedras (exagero também. Só porque não são tão fininhas) e do pão de sovaco (que são vendidos pelas angolanas que andam pela cidade toda debaixo de um sol de 40 graus,com uma bacia deles na cabeça). O bom e que sempre vamos achar que são frescos porque estão sempre quentinhos. Já disse para Joaquim: compre pão, mas não me diga de onde vem. Se não tiver jeito não compre e justifique: tem mas não há.

Saturday, November 11, 2006

21 dias de descobertas

Pois e... faz quase 3 semanas que eu estou aqui e esse foi meu menor indice de postagens desde que eu fui para a Bahia. Estou me sentindo pessima por isso. Mas sei que voces, amigos e familia, vao me entender. Desculpem, mas realmente as coisas aqui nao muito corridas devido a quantidade de trabalhos que temos. Ficamos praticamente o dia todo e grande parte da noite no computador. Quando conseguimos dar uma parada desistimos de atualizar blogs, fotos, orkuts e falar no msn. Todas as pessoas que vem para Angola vem com tres coisas na cabeca. Trabalhar, ganhar dinheiro e ir embora. Infelizmente e assim e e isso que eu escuto quando converso com brasileiros aqui. Claro, conhecendo a cidade, ninguem viria para ca fazer turismo. Eu nao vi nada de turistico aqui, a nao ser o Forte Sao Miguel, que não tem nada de folhetinhos, nada de guias, de souveniers. No feriado, voltando de Luanda Sul, passamos la para dar uma olhada no por do sol do alto da cidade. Realmente fantástico, mas sem nenhuma estrutura para receber visitantes.
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Mas nada, absolutamente nada aqui e preparado para o turismo, para receber turistas. Normal. A cidade ainda vive uma desordem pos-guerra e as pessoas ainda tem agem com certa rispidez em algumas situações que são consideradas normais para a gente – como querer negociar coisas na rua.

Essa semana fui na minha primeira balada. Quinta-feira. Bay-in. Assim como o Cais de Quatro e outros lugares que são bem mais freqüentados pelos expatriados, brasileiros e portugueses, do que pelos angolamos. Fica na Ilha de Luanda, numa área de grande concentração de bares dançantes da cidade.
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