Monday, January 22, 2007

O dia em que Luanda parou

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Esse foi um dos piores dias da minha estada aqui em Luanda. Nunca imaginei o estrago que uma cidade poderia sofrer com algumas boas horas de chuva. Triste.
A meia noite mais ou menos de ontem a chuva começou a cair, a castigar os quatro cantos ate a metade da manha e por mais que estivéssemos preparados para uma chuva nos surpreendemos.
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Nossa noite foi agitada. Eu e Laura não dormimos por conta do calor – por causa da falta de luz o ar condicionado não funcionou e a tempestade impediu que fossemos ligar o gerador. Nossa casa, apesar de ser num bom bairro, grande, com uma boa estrutura, e uma casa antiga, reformada, e nem ela saiu ilesa do dilúvio que arrasou a cidade. Uma goteira aqui no quarto outra ali e pronto. Depois de 8 horas de pinga-pinga não poderia ser diferente. Roupas molhadas, colchão molhado e tudo mais que estava no chão molhado. Acordamos e a cozinha também estava molhada e o quarto da casa de trás nem se fale. Um palmo de água acumulada.
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Quando essas coisas acontecem em Luanda, a cidade para. Nada abre, nem ninguém sai de casa para trabalhar. E como feriado. As kandongas ficam estacionadas entre uma montanha de lixo e um lamaçal, as pessoas munidas de baldes tirando litros e mais litros de água de dentro das casas.
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Tínhamos 3 reuniões hoje e somente conseguimos confirmar uma delas. Em Luanda Sul, na Odebrecht, com brasileiros. Para chegar lá tínhamos que atravessar a cidade por uma das duas vias que nos leva a zona sul da cidade: a avenida Samba ou a Rocha Pinto. Saímos com antecedência para não nos atrasarmos. Primeiro tentamos a Samba, mas precisamos voltar porque parte de uma encosta desabou bloqueando a via. Depois tivemos que ir pela Rocha Pinto e não vou mentir que fiquei com o coração pequenininho de ver as coisas que vi.
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Estamos vendo aqui nos noticiários a chuva arrasando o interior de São Paulo. Me sensibilizo claro, mas ver de perto o que os angolanos passaram me deixou bem triste . Crianças nadando no meio do lixo, mães carregando baldes de água na cabeça para fora das casas, homens empurrando moveis tentando salvar o pouco que resta de suas casas.
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Como eles não gostam, não fotografei muitas coisas, mas o suficiente para que vocês possam ver como Luanda, uma cidade que poderia ser tão linda se bem cuidada e hoje tem sua maior parte da paisagem dividindo espaços com lixões, fica judiada com as chuvas.
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