Sunday, August 26, 2007

A noite do Traldi...

Eu entre Fabio e Claudia. Ao lado de Claudia, Roro e Paloma, recem chegada.
Abaixada, Vanessa ex-Engenhonovo.
Nete tambem foi... olha ela... opss. Estava na mesa comendo ginguba!

Ontem fomos a mais uma festa de despedida. Desta vez de Fabio Traldi. Nosso cliente e amigo da Movicel que agora vai voltar para Sampa, e casar - para a tristeza da mulherada. Poxa.... as pessoas se vao mesmo! Isso e triste! Nossa familia vai diminuindo, ficando cada vez menor.
Bem, para jogar uma boa energia para ele no universo, a galera da Movicel preparou uma rave. Uma rave bem ecletica por sinal. A RAVE TRALDI. Chegamos quase meia noite para curtir mais uns momentos de alegria nessa cidade.

Bebida, muita ginguba doce, clip dos melhores momentos dos 2 anos de Fabio aqui, muito choro e claro, muita musica! Um DJ animava a galera que dancava descompensadamente de "Fiorentina" do Tiririca ate Astrix (sim... acredite!), passando por um revival do Pet Shop Boys e sertanejo para dancar juntinho nas Festas de Peao... Sera que ele sabe que agosto e o mes dos rodeios em Sao Paulo? Quando eu digo que foi ecletico, acreditem. Foi mesmo!




Clau - T-shirt da caricatura de Fabio


Fabio,

Que Deus coloque no seu caminho muitas alegrias e que sua vida pessoal e profissional que comeca agora seja repleta de boas surpresas. Sorte, sorte, sorte!

Estamos todos juntos com voce!

Sobre a nova casa

Pois entao... preciso descrever para voces a minha nova casa. Vaaaarias reclamacoes dos amigos porque nao contei com detalhes essa novidade. Vamos la entao...

Nosso apartamento fica na Rua Conego Manuel das Neves, uma das poucas ruas com nome, que tem um comercio bastante grande no bairro em que moramos. Eu nao sei realmente o nome do bairro. Fica tao pertinho da agencia e do Kinaxixi mas nao e nem Cruzeiro e nem Kinaxixi. Vai entender! Pelo menos a rua tem um nome.


Abaixo de nos, tem um banco. A frente uma padaria, ou pastelaria como chamamos aqui. No meio da semana, desde que nao seja na hora do almoco, encontramos algumas lojinhas e mercearias abertas. Claro que a vitrine de todas eu conheco mas nem me arrisco a comprar nada. Tudo aqui e caro demais por ser importado e entre pagar roupas brasileiras em dolar ou real, fico com a ultima opcao pagando nos shoppings de Sampa, onde tenho menor preco e mais variedade.
Nosso predio aqui e um dos melhores que ja estive, apesar de nao parecer. Moramos no primeiro andar, num apartamento de 3 quartos com sala grande e uma cozinha lindinha, toda equipada.

O predio nao tem porteiro, portoes ou seguranca, como costumamos ver no Brasil. Sao entradas abertas para a rua com as escadas que dao acesso aos apartamentos. Por conta disso, todas as unidades tem duas portas. Uma de ferro por fora e outra de madeira, normal, que entra em casa. Ficamos tranquilos porque o banco tem 3 segurancas armados, o que nos deixa mais calmos.

Chamamos o predio carinhosamente de sanatorio. Como todos os angolanos, as pessoas que moram aqui no nosso andar sao muito interativas e falam quase que gritando. Entao, todas as noites os vizinhos parecem que marcam de se encontrar e quando resolvem dormir, as tais portas de grade comecam a bater e fechar mais ou menos na mesma hora. E engracado. Dizemos que e a hora de recolher no Sanatorio da Conego.

As grades do Sanatorio da Conego


No comeco tinha bastante receio de sair do predio. Varios putos (como as criancas sao chamadas aqui) ficam na frente nos olhando com estranheza pedindo dinheiro. Da janela a gente ve para onde o dinheiro vai. Bebidas, cigarros e drogas. Nunca dei mas hoje ja sei lidar com isso um pouco melhor, conversando com eles.

A vista da varanda da sala nao e mal se nao olharmos em detalhes(tudo bem que ela fica mais fechada que aberta por causa da poeira da rua, mas tem varanda!). A rua e bem bonitinha e os predios tambem, mas temos que fechar os olhos para a lama, cocos e xixis que temos que pular todos os dias para pegar o carro e sair.



O que assusta um pouco e a vista que temos da entrada do apartamento que da para os fundos do predio, mas que para nos vira paisagem com o tempo e passamos a nao nos incomodar. Assim como o fundo do nosso predio da para esse larguinho, os fundos dos predios vizinhos tambem. E ai vemos como sao os habitos da vida dos angolanos. As roupas nas janelas, os gaiatos bebendo logo de manha, gritos de uma vizinha chamando a outra do predio do lado e dos putos lavando carros e comprando coisas das zungueiras que se concentram nos pilares dos predios.


Vista dos fundos do predio, onde tem a porta de entrada do apartamento




Essa e a nossa sala.
Do quarto? Hoje e domingo... nao tem Sao e nao tem Sambita.
Quando estiver arrumado tiro fotos e publico!



Thursday, August 02, 2007

Tributo a Renato Russo

Desde que cheguei aqui nesta temporada e fui para o novo apartamento novo, nada funciona na sua normalidade. Mas isso não é um privilégio meu não, grande parte da cidade está passando por problemas de infraestrutura. Há dias estamos sem água da rua e de vez em quando ainda falta luz. Grande maioria das casas próximas dessa nossa região têm gerador e bomba d'água - enquanto a nossa tem também, tem mas não há.

Tudo é novinho. O gerador chegou de Portugal, embaladinho para presente, mas ainda não saiu do container do navio... ou seja, quanto falta luz na rua não tem luz em casa de jeito nenhum, só luz de vela quando se acha o fósforo na escuridão. Como estamos no Cacimbo, no inverno aqui, grande parte dos ar-condicionados da cidade estão desligados (isso durante a noite, porque durante o dia ainda é necessário o arzinho fresco), não com muita frequencia acaba a energia. No verão, os primeiros meses que eu passei aqui, chegou a faltar 5 vezes por dia. Hoje não chega há 2 por semana. Menos mal.

A bomba d'água também é novinha. Fica lá em cima do prédio. De tão novinha chamou a atenção que algum malandro roubou uma peça dela, uma certa molinha que bombeia a água. E cade essa molinha que não tem para comprar??!! Cadê o técnico que por 7 vezes (sem exagero) marcou para ir para o apartamento ver essas coisas e nunca apareceu?... a certa altura não atendia sequer nosso telefone, até que começamos a fazer um rodízio de números aqui na agência e ligar dos desconhecidos para ele. Mesmo assim nunca apareceu. Chamar outro? Chamamos, mas devia estar jogando cartas com o primeiro porque também não passou em casa.
O que temos feito todos esses dias é comprar água nas mãos dos meninos, água da rua. Eles sobem as escadas com aqueles baldões na cabeça e levam para um tonel de plástico preto que temos em nossa cozinha. Então, fervemos essa água e com ela tomamos banho. Tomamos banho e mais nada.

Cozinhar não cozinhamos nada em casa. Lavar roupa, levamos tudo para a agência. Escovar os dentes, só com água mineral. Xixi? Melhor pular essa parte. Quem sofre é a São, nossa organizadora de lares. Não preciso explicar detalhes. Essa fase de casa nova, de mudança, é sempre assim. Já é a segunda casa nova que entro e a segunda vez que passamos por isso desde que cheguei à cidade. Chega até a ser divertido. Compus com Freddy um conto "A revolta dos eletrodomésticos" e Renato Russo é nosso ídolo em casa... Ele compôs o nosso hino... "Se ontem faltou água, anteontem faltou luz..."

Viver como angolano não é fácil. Aprender a viver como angolano é um privilégio.

Eu estava achando que todo esse panorama era péssimo. Péssimo até conversar com as pessoas que trabalham com a gente, os angolanos mesmo. Enquanto a gente reclama de 24 dias sem água, eles não tem água encanada há meses. Luz? Na casa de Sambita, não me lembro da última vez que ela disse ter visto a lâmpada acesa.
Aqui a gente sente na pele o valor das coisas mais simples e tomar banho de canequinha deixa de ser uma tortura porque no fundo, a gente tem como comprar litros e litros de água por Kz500. A gente pode mandar trazer do Brasil Tylenol e comprar um Toblerone branco tamanho gigante no Free Shop para as horas de depressão.

Sempre converso com Pedro sobre o motivo de estarmos aqui. Sempre batemos cabeça tentando achar respostas para nossas indagações. Estar aqui por trabalho, é muito pouco. Pouco porque a questão é muito mais profunda. Poderíamos estar em agências em qualquer lugar do mundo. Mas porque aqui? Certamente estamos aqui para aprender, cabe a cada um de nós olhar para as coisas que vivemos no dia a dia e fazer a lição de casa.